Teses e Dissertações

2017 – ESTRESSE E RESTAURAÇÃO: ASPECTOS FÍSICOS E PSICOLÓGICOS DE UM HOSPITAL DE CUSTÓDIA

Autor: Bettieli Barboza da Silveira

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

As características e transformações ambientais que a humanidade tem vivenciado elevou a preocupação das pessoas com as condições de bemestar e qualidade de vida. A influência do ambiente na saúde humana através de alterações nos níveis de estresse é a base estrutural deste estudo, ou seja, foco no potencial benéfico que bons lugares podem promover às pessoas. Portanto, objetiva-se analisar os aspectos físicos e psicológicos de um hospital de custódia que interferem nas condições de bem-estar de seus usuários. O conceito-chave e norteador dos parâmetros desta pesquisa chama-se ambiente restaurador (restorative environment), termo inerente à Psicologia Ambiental para descrever o processo que pode acontecer quando um lugar suscita elementos específicos que exercem influência positiva sobre a saúde. A restauração é particularmente importante nos ambientes que contemplam situações estressoras, como os hospitais de custódia. Suas características de dualidade, confinamento e isolamento social fomentam a reduzida autonomia do ser humano. Desse modo, os procedimentos traçados para a realização dessa pesquisa foram divididos em duas fases, na primeira foi realizado o levantamento de características e alterações do ambiente físico atrelada ao diário de campo para resguardo de informações que viessem a contribuir com os objetivos do estudo. Como segunda fase, foi aplicada a técnica de fotografia do ambiente com os participantes, aliada à entrevista semiestruturada, propondo-se uma interlocução. O estudo foi composto pela participação de doze profissionais do hospital de custódia, permeado, pela discussão acerca das categorias relacionadas aos: a) aspectos favoráveis ao bem-estar; b) aos intervenientes estressores; c) às características de bem-estar psicológico; d) às propriedades elencadas para a estruturação de um ambiente restaurador. Tais categorias foram estruturadas com base na análise de conteúdo temática categorial. Constatou-se que os aspectos naturais, os espaços abertos, lugares de interação e que proporcionam conforto dentro da instituição foram os principais citados no que condiz aos favorecedores do bem-estar, assim como a dualidade do local, as grades, a restrição de acesso, a estética arcaica e de tonalidade escura foram influências significativas relacionadas ao desenvolvimento do estresse. Quanto aos fatores relacionados ao bem-estar psicológico, notou-se a implicação dos profissionais em investir na melhoria do processo de internação, caracterizado, segundo os participantes, por sofrimento e rechaça ao novo lugar. Além disso, observou-se a predominância de preocupações acerca da imprevisibilidade de se trabalhar com pacientes psiquiátricos custodiados, permeada pela dúvida sobre como efetuar o melhor manejo perante diferentes situações. Sobre a identidade de um ambiente restaurador, verificou-se a dedicação em torno da futura estruturação de espaços saudáveis que promovam atividades com a natureza, interação entre os usuários do lugar, bem como a inclusão da família e comunidade. Ademais, frisou-se a humanização do ambiente, o melhor acolhimento aos internos e aos visitantes, a revisão sobre o perfil do profissional dos trabalhadores de hospitais de custódia, bem como cursos e formações continuadas para melhor atendimento das demandas institucionais. Por fim e em resumo à metodologia aplicada, ressalta-se positivamente a interlocução entre a técnica fotográfica e a entrevista que culminou em importantes alicerces entre a teoria e a prática. É preciso investir no acesso dos usuários do hospital de custódia às distrações positivas associadas ao bem-estar, além da eliminação das fontes de distração negativas e de estímulos que atraem o interesse do observador eliciando estresse e mal-estar psicofísiológico.

2016 – PERCEPÇÃO DE AFFORDANCES DO AMBIENTE DE TRÂNSITO E COMPORTAMENTO DE RISCO EM MOTORISTAS

Autor: Marcia Battiston

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Os acidentes de trânsito são uma realidade que por sua frequência de ocorrência e graves consequências, se tornaram um problema de saúde pública, com repercussões econômicas, sociais e políticas. Esta pesquisa busca contribuir para ampliar as variáveis associadas ao fator humano nos acidentes de trânsito, por meio do entendimento sobre as implicações do ambiente físico nas ações dos condutores, utilizando o conceito de affordances de James J. Gibson, que trata das possibilidades de ação que o ambiente propicia às pessoas. Inclui-se no escopo de estudos da Psicologia Ambiental e teve como objetivo compreender a relação entre a percepção de affordances do ambiente de trânsito e o comportamento de risco em motoristas na cidade de Florianópolis/SC. Para isso, utilizou-se a abordagem multimétodos, com duas etapas de execução. Na primeira etapa foi realizada pesquisa documental em boletins de ocorrência de acidentes de trânsito e observação dos locais com maior número dessas ocorrências. Na segunda etapa participaram 120 motoristas, que responderam a três instrumentos: questionário sociodemográfico, questionário de comportamento do motorista e um instrumento composto por vídeos de cenas reais de situações de trânsito. Os principais resultados indicam que os jovens condutores, do sexo masculino se envolvem mais em acidentes de trânsito, cometem mais infrações que resultam em multas de trânsito e percebem mais os riscos do que as mulheres. As mulheres estão mais propensas a cometerem lapsos do que os homens e percebem as cenas de risco e atenção mais tarde do que estes. As principais affordances detectadas foram as relacionadas a infraestrutura da via (presença de semáforos e interseções), aos outros condutores (sinalização veicular, interações com outros condutores ou participantes do trânsito) e aos aspectos da legislação (percepção de infrações). Conclui-se que os locais com a maior ocorrência de acidentes de trânsito contém affordances específicas que possibilitam os comportamentos de risco dos motoristas, resultando em acidentes de trânsito. O que ressalta a importância da psicologia junto a equipes multidisciplinares que projetam ambientes de trânsito, a fim de reduzir comportamentos de risco e consequentemente acidentes de trânsito. Também, a percepção de affordances de risco identificadas por meio do instrumento de vídeo indica que motoristas que perceberam mais os riscos no ambiente de trânsito cometem menos infrações e se envolvem em menos acidentes, o que implica na possibilidade de uso deste instrumento para formação de novos condutores. Os dados advindos das observações indicam uma correlação entre características específicas do ambiente de trânsito e comportamento de risco em motorista. Assim como os dados coletados por meio dos vídeos, evidenciam uma correlação entre a percepção de características de risco no ambiente de trânsito e a frequência de acidentes de trânsito que este motorista se envolve. O que significa dizer que a Teoria das Affordances se mostrou um modelo teórico eficaz para compreender as interações entre os condutores e o ambiente de trânsito.

2016 – A QUALIDADE DE VIDA É SUSTENTÁVEL? UM ESTUDO DE CASO EM FLORIANÓPOLIS/SC

Autor: Gilvana da Silva Machado

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

A sustentabilidade possibilita compreender o funcionamento das comunidades favorecendo equilíbrio entre as dimensões ambiental, econômica e social para correntes e futuras gerações. A Qualidade de Vida (QV) é o resultado da congruência entre estas dimensões e se expressa mediante a utilização de indicadores objetivos e subjetivos baseados em informações de indivíduos de determinada população. Este estudo foi realizado em uma comunidade tradicional açoriana, de uma ilha no sul do Brasil, sob o objetivo de avaliar a sustentabilidade da QV desta comunidade. Para tanto, foram acessadas individualmente 12 pessoas autóctones, provenientes de 4 subfamílias de uma família extensa, representantes de três gerações consecutivas que elaboraram um mapa afetivo sobre QV no local e foram questionados sobre consumo, práticas sociais e estilo de vida durante mapeamento de transectos e através de questões abertas e fechadas. Os dados foram organizados e analisados com auxílio do software NVivo obtendo-se uma descrição do perfil socioeconômico dos participantes, os critérios de avaliação de QV utilizados por eles, a descrição de como se dá a relação entre pessoa e ambiente e de expectativas e possibilidades de desenvolvimento no local. Como resultado obteve-se uma descrição da interação das pessoas com seu entorno, se estabelecendo uma análise prospectiva que aponta que a QV desta comunidade é insustentável a partir de evidencias de incongruência entre as dimensões social, econômica e ambiental relacionados à crise na relação entre pessoa e ambiente.

2016 – MOVER-SE NA CIDADE: PRODUÇÃO DA IDENTIDADE DE LUGAR EM CICLISTAS

Autor: Nikolas Olekszechen

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Em um mundo cada vez mais urbanizado, a circulação de bens e o ir e vir de pessoas dão o tom à vida nas cidades. Subsidiária da vida simbólica de seus moradores, elas se organizam como rede de lugares, admitindo-se a produção da identidade atrelada a esse espaço físico mesmo em tempos em que estar em movimento é uma condição. Aliada ao contexto de mobilidade, as dinâmicas urbanas se dão em movimento, demandando outras maneiras de compreender a relação das pessoas com seu entorno. No que tange ao deslocamento de pessoas, entende-se o uso da bicicleta como meio de transporte como um modo de produzir afecções e vínculos entre pessoa e cidade. Sob o enfoque da psicologia ambiental, analisaram-se as características da identidade de lugar em ciclistas, buscando explorar as características ambientais à sua disposição, descrever as barreiras e facilitadores para o uso da bicicleta, caracterizar a afetividade na relação do ciclista com a cidade e identificar os modos como essas pessoas se apropriam do espaço. Tratou-se de um estudo de natureza qualitativa, de caráter descritivo e exploratório e contou com a participação de dezoito pessoas. Os dados foram produzidos a partir de duas etapas de pesquisa. A primeira centrou-se na exploração do ambiente e dos aparelhos à disposição dos ciclistas no entorno da universidade, e a segunda no discurso dos ciclistas sobre sua relação com a cidade de Florianópolis, orientada por roteiro de entrevista semiestruturada e questionário desenvolvidos para os fins desta pesquisa. A organização dos dados pautou-se na análise de conteúdo, que possibilitou sintetizá-los em três categorias, compostas por subcategorias e elementos de análise. A primeira categoria tratou dos aspectos afetivos da relação entre ciclista-cidade e reuniu conteúdos sobre os sentimentos provocados, a imagem da cidade, a posição do ciclista no espaço, elementos da história pessoal, os encontros promovidos pela bicicleta e o que é ser ciclista. A segunda categoria tratou das características cognitivas dessa relação, incluindo os motivos, benefícios e barreiras do uso da bicicleta, as finalidades da pedalada, as avaliações sobre as estruturas ciclísticas à disposição, características do ciclismo ideal e as cognições sobre o ambiente. A terceira categoria reuniu os atributos comportamentais na relação do ciclista com a cidade, os modos de pedalar, os hábitos de saúde atrelados ao ciclismo e as práticas de segurança que os ciclistas adotam nas ruas. Os resultados apontaram para a possibilidade de tomar a afetividade como categoria analítica na compreensão da relação do ciclista com a cidade e na construção da identidade de lugar. Nos contextos urbanos, a ela indica a possibilidade de as pessoas se apropriarem dos espaços e se identificarem com eles, o que implica na criação de modos mais solidários de uso do espaço e de condutas que visem à conservação do ambiente. Sob a ótica do ciclista, trata-se da possibilidade de produzir lugares que resistam àquilo que é somente concreto na cidade. Desse modo, o transporte ―lento‖ é uma maneira de estar em contato, de se permitir afetar pelo entorno, de vivenciar o lugar e estar aberto à relação com os outros e com o ambiente, com toda a ambivalência que isso possa sugerir.

2016 – EXPERIÊNCIAS AFETIVAS URBANAS: A RELAÇÃO DOS HABITANTES COM SUA PRAÇA CENTRAL

Autor: Camila Klein

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

A experiência de tornar um espaço em lugar pode ser mediada pela afetividade, que compreende emoções e sentimentos, e orienta a maneira como os indivíduos habitam, circulam e sentem a cidade. Na concepção espinosana, os afetos sobrevêm nas relações estabelecidas com outros corpos e com o mundo, e tais encontros provocam modificações nas capacidades dos corpos para a ação e impelem o pensamento a novas direções, que podem variar positiva ou negativamente. Ora, se sentir também é uma forma de conhecer, a compreensão dos sentimentos que se nutre pelos espaços da cidade permite que se apreenda o que é a cidade para o habitante. Esta pesquisa ancorou-se na afetividade como categoria de análise para compreender e descrever a relação dos habitantes da cidade com a Praça Lauro Müller, em Campos Novos, no interior de Santa Catarina. As praças públicas constituem-se como elementos organizadores do espaço urbano e proporcionam encontro, socialização, descanso e atividade física. Estão ligadas à memória da cidade e representam (ou não) um convite para serem sítio de passagem ou de parada. A praça estudada passou por processo de reforma em 2012, evento que contribuiu para uma nova relação dos habitantes da cidade com este espaço público. Para estudar o binômio praça-habitante dentro da perspectiva da Psicologia Ambiental, utilizou-se do mapeamento comportamental para descrever os aspectos físicos e de uso da praça, e entrevistas semiestruturadas para investigar a afetividade na e pela praça. Os resultados de ambos os instrumentos foram discutidos de forma integrada dentro de três categorias: usos da praça; afetividade e representações da praça. Considerou-se que a afetividade revelou-se na estima pelo lugar e por conta disso a recuperação e reforma dos espaços da Praça Lauro Müller foram catalizadoras de processos de (re)apropriação, quando congregaram o antigo e o novo, o histórico e o moderno, a memória do lugar e aquilo que aponta para o futuro. A afetividade revelada neste estudo assinala uma nova forma de ocupação da praça, que respeita o passado da cidade, mas não denota retorno “ao que era” – tal afetividade relaciona-se com evolução e com a retomada do espaço público com maior potência de agir e existir.

2015 – CAMPI UNIVERSITÁRIOS E ESPAÇOS VERDES: PERCEPÇÕES AMBIENTAIS NO NORTE E SUL DO BRASIL

Autor: Dayse da Silva Albuquerque

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

A presença de ambientes naturais é cada vez mais escassa no contexto urbano. Essa redução é capaz de alterar aspectos na qualidade de vida dos citadinos. Estudos voltados para as relações pessoa-ambiente, têm explorado processos perceptuais da interação humana com esses ambientes, no sentido de trazer à tona sensações de bem-estar ocasionadas pela proximidade com a natureza. Os conceitos de percepção e preferência ambiental têm direcionado o aprofundamento de aspectos que permeiam essas relações. A importância atribuída ao tema reflete um movimento da Psicologia Ambiental em direção a uma abordagem ecológica. Os estudos conduzidos sob esse viés ressaltam propriedades do ambiente concebidas como capazes de promover descanso e recuperação psicológica, necessários para a retomada das atividades diárias. Há ainda poucas publicações em âmbito nacional que avaliam a capacidade restaurativa de ambientes naturais. No contexto acadêmico, as demandas vivenciadas pelos estudantes universitários são vistas como causadoras de constante estresse. Da articulação entre essas demandas e as evidências dos benefícios do contato com ambientes naturais surgiu a ideia de construção dessa pesquisa. O estudo teve como objetivo compreender as percepções ambientais de estudantes sobre os espaços verdes no ambiente universitário. Para isso, buscou-se caracterizar os espaços verdes de dois campi universitários brasileiros; identificar as formas de uso e preferências dos estudantes em relação a esses locais; explorar aspectos cognitivos, afetivos e interacionais ligados a essas percepções ambientais e evidenciar possibilidades de restauro psicológico nesse ambiente. Com enfoque exploratório e descritivo, seguiu-se uma abordagem qualitativa por meio da análise de conteúdo. Foram entrevistados 109 estudantes de graduação de duas universidades federais localizadas nas regiões norte (campus I) e sul (campus II) do Brasil. O uso da técnica do ambiente fotografado e as observações permitiram verificar usos e preferências ambientais a partir de características presentes nos espaços verdes de cada campus. Os espaços verdes foram predominantemente escolhidos pelos alunos do campus II, apesar do campus I apresentar uma área de vegetação mais extensa. As entrevistas, com roteiro semiestruturado, evidenciaram percepções ambientais que se intercruzam entre os estudantes de cada campus, mas há especificidades de cada cenário que os tornam tão distintos a ponto de enriquecer ainda mais a discussão e suscitar reflexões quanto à realidade dos campi universitários brasileiros. As experiências individuais e as intencionalidades dos indivíduos dessas culturas exercem alterações nos modos de perceber e se relacionar com o ambiente. Ficou evidente que espaços esteticamente trabalhados, com características produzidas por intervenção humana promovem maior percepção de restauro psicológico. Conclui-se que a quantidade de elementos naturais não é o que potencializa efetivamente a capacidade restaurativa do ambiente, mas as possibilidades de interação percebidas por aqueles que entram em contato com esses locais. Nesse sentido, compreende-se que o ambiente por si só não pode exercer uma função restauradora, pois há uma reciprocidade nessa relação que precisa ser percebida, vivenciada, construída e reconstruída. Para além da escrita, esses dados podem gerar diálogos com estudantes e gestores a fim de consolidar mudanças em cenários promissores para o restauro psicológico na atualidade.

2015- AMBIENTE FÍSICO E LINGUAGGIO AMBIENTALE NEL PROCESSO DI RIGENERAZIONE AFFETTIVA DALLO STRESS IN CAMERE DI DEGENZA PEDIATRICA

Autor: Maíra Longhinotti Felippe

Orientador: Lelli Gabriele

Co-orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

As mensagens ambientais comunicadas pelo ambiente físico são consideradas uma fonte importante de estresse nos hospitais quando representadas por aspectos de valor negativo ou que não correspondem às expectativas ambientais dos pacientes. No presente estudo, hipotetiza-se que o ambiente físico hospitalar, através das mensagens que comunica, consinta ou até mesmo promova a restauração afetiva do estresse, caso suscite cognições e afetos de valência positiva. Desse modo, propôs-se identificar os atributos físicos visuais de quartos de internação pediátricos que comunicam aos pacientes mensagens ambientais relacionadas à restauração afetiva do estresse. O estudo adotou um delineamento de métodos mistos, por associação de observação direta e indireta, uma estratégia de investigação qualitativa e quantitativa, e um perfil descritivo. Ao todo, participaram do estudo 124 pacientes pediátricos com idade superior aos 8 anos e 66 genitores. A pesquisa se deu em quartos de internação pediátrica de quatro hospitais do centro-norte da Itália: um hospital pediátrico e três hospitais gerais. A coleta de dados ocorreu em duas fases, compreendendo: (a) observação direta do ambiente físico construído e de vestígios ambientais do comportamento, administração de questionários a pacientes e pais, bem como consulta à documentação clínica e plantas arquitetônicas (Fase 1); (b) entrevistas semi-estruturadas a pacientes a partir de fotografias de quartos de internação (Fase 2). O tratamento dos dados envolveu análise estatística descritiva e relacional e análise de conteúdo temático-categorial. Foi possível estabelecer empiricamente uma relação entre significado ambiental e restauração afetiva do estresse. Uma melhor avaliação ambiental foi associada a uma maior restauração. Além disso, a restauração foi maior quanto mais os pacientes consideraram o quarto de internação reconfortante, ordenado, alegre, relaxante, cômodo, dotado de ar fresco, espaçoso, agradável e vivaz. Encontrou-se que os seguintes atributos físicos do quarto de internação desempenham um papel na construção desses significados: aparência residencial, ar fresco, acesso visual e físico a ambiente exterior natural, amplitude moderada, oportunidades para a privacidade, oportunidades para a interação social, acesso a tecnologias, quadros e ilustrações nas paredes, suporte às exigências do acompanhador, presença de brinquedos e áreas destinadas ao entretenimento, conservação e ordem da estrutura sanitária. Os resultados foram discutidos a partir da convergência multimetodológica e com o suporte da literatura sobre Ambientes Restauradores, Percepção e Cognição Ambientais, e Design Baseado em Evidência (Evidence-based Design). O estudo de ambientes restauradores e do processo restaurador a partir da condição de estresse, através da analise do significado ambiental, mostrou-se pertinente, lançando luz sobre alguns dos aspectos que podem promover o bem-estar do paciente pediátrico. Este volume inclui uma versão em inglês da tese e, na secção Apêndice, o relatório de pesquisa referente a um estudo complementar à pesquisa de doutorato realizado no HELIX Centre, Londres.

2015- VALORES MORAIS AMBIENTAIS: A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO

Autor: Luana dos Santos Raymundo

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

O desenvolvimento dos valores morais ambientais ao longo do ciclo vital humano tem despertado o interesse de pesquisadores em Psicologia Ambiental que buscam explicar seu potencial para o planejamento de programas educacionais que almejem a formação de um sujeito ecológico. A presente pesquisa busca investigar os valores morais ambientais de jovens de um município do sul do Brasil através de dois estudos complementares (Estudo 1 e Estudo 2). Para tanto, realizou uma pesquisa descritiva e exploratória com delineamento de levantamento e transversal. Participaram do primeiro Estudo, 398 estudantes de duas instituições escolares localizadas na região central do município, 224 de uma instituição privada e 174 de uma instituição pública, divididos em três grupos, conforme a escolarização, 28,4% frequentavam anos iniciais do ensino fundamental, 30,9% os anos finais do ensino fundamental e 40,7% as séries finais do ensino médio. Destes, 52,3% eram do sexo feminino. O Estudo 1 foi realizado através de coleta de dados com questionário autoaplicado em sala de aula, composto por questões fechadas e abertas sobre a moral ecológica (normas e crenças) e o perfil ecológico (atitude, percepção do meio ambiente e dos problemas ambientais e o contexto de comunicação). O Estudo 2 foi operacionalizado através de entrevista em grupo em uma Oficina de Educação Ambiental. Contou com a participação de 28 estudantes do sexto ano do ensino fundamental da instituição privada. Dentre os quais, 15 eram meninas, na faixa etária dos 11 e 12 anos. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e relacional. Tal análise foi efetuada com o auxílio do pacote computacional estatístico Statistical Package for Social Sciences, versão 15.0 (SPSS/15.0) para as questões fechadas e do Microsoft Excel 2002 para a análise de conteúdo das questões abertas. Os resultados, embora devam ser relativizados devido algumas particularidades metodológicas, refletem a hipótese de um desenvolvimento evolutivo do raciocínio moral ecológico na medida em que, considerando a faixa etária estudada, predominantemente jovem, mostraram algumas diferenças significativas nas relações estabelecidas entre as dimensões investigadas dos valores morais ambientais com a variável idade. Também a escolarização mostrou-se relacionada com as diferenças nos julgamentos morais ambientais dos participantes, assim como a variável sexo.  Por fim, os resultados também deram suporte a tese de que as normas ambientais são flexibilizadas pela escala de valores (proposta por Piaget), influenciada por variáveis situacionais, como a mídia, e justificadas através da identificação empática do participante com o protagonista do dilema. Considera-se as potencialidades metodológicas adotadas nos estudos como ferramentas de diagnóstico cujos resultados podem fundamentar uma prática em Educação Ambiental. Sugere-se que a Educação Ambiental atenha-se para a importância da indissociabilidade entre sociedade-natureza e as implicações de variáveis como sexo, escolarização, influência da mídia e escala de valores no planejamento e formulação de práticas que incorporem o desenvolvimento de habilidades sociais/ambientais nos jovens através do investimento na cooperação visando à autonomia moral do sujeito.

2014 – “LAR DOCE LAR”: APEGO AO LUGAR EM ÁREA DE RISCO DIANTE DE DESASTRES NATURAIS

Autor: Roberta Borghetti Alves

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Os desastres naturais atingem cada vez mais a população em todo o mundo. Os mesmos ocasionam diversos impactos, seja sob o aspecto dos danos físicos sofridos, aspecto social ou, ainda, pelos danos psicológicos diante das perdas vivenciadas. Neste panorama, profissionais que atuam em situações de desastres naturais deparam-se com pessoas que residem em área de risco e que, mesmo quando notificadas pela Defesa Civil que devem deixar as suas residências, devido ao risco de acidentes fatais, permanecem neste local. Há situações em que gerações de famílias habitaram em uma moradia de risco e os laços afetivos estão tão presentes naquele local que a pessoa prefere morrer a deixar sua casa. Diante desta problemática, esta dissertação buscou compreender as características do apego à moradia localizada em área de risco. O trabalho teve uma perspectiva qualitativa e utilizou-se a abordagem multimétodos para coleta dos dados: Walk-around-the-block, documentação fotográfica e entrevista semiestruturada. A pesquisa foi analisada por meio da Grounded Theory com auxílio do software Atlas/Ti 5.0®. A análise consistiu no estabelecimento de categorias, subcategorias e elementos de análise. Foram pesquisados 18 pessoas que residem em área classificada de muito alto risco onde houve evidências de instabilidade na moradia, tais como trincas, muros de contenção, cicatrizes de deslizamentos, proximidade da moradia em relação à margem de córregos ou encostas, lixo nas ruas e ausência de saneamento básico. Na análise emergiram duas grandes categorias que contemplaram os principais resultados, a dimensão funcional e a dimensão simbólica do apego. A primeira dimensão foi a mais evidenciada pelos participantes, isto ocorreu em virtude da importância da satisfação de algumas necessidades, como ter um lugar para morar e cuidar dos filhos, não precisar ficar na casa dos outros e não ter que pagar aluguel. Para os participantes, ter estas necessidades supridas mostrou-se mais importante do que o risco que correm, demonstrando uma relação de dependência com o lugar. Já a insatisfação de algumas necessidades (conforto, segurança e bem-estar) foi evidenciada devido à ocorrência do desastre natural, da perda dos móveis e do risco que correm, de modo a propiciar sentimentos de insegurança e medo. Na dimensão simbólica evidenciou-se a importância que a residência tem para a pessoa, já que os significados estão voltados ao pertencimento ao lugar e ao esforço dedicado à construção da tão sonhada moradia. Com base nesta dimensão e na importância da satisfação das necessidades supracitadas, percebeu-se que os participantes são apegados à moradia e que estas dimensões contribuem para a permanência na casa, de modo que o tempo de vinculação com o lugar tornou-se uma consequência do apego. No entanto, a ocorrência do desastre natural juntamente com as características físicas e as avaliações da moradia contribuíram para diminuição do apego ao lugar e do cuidado com o ambiente. Assim sendo, estudo evidenciou sua relevância por haver poucas pesquisas disponíveis sobre o tema, por refletir sobre o processo de permanência dos participantes na moradia de risco e por embasar ações dos técnicos que atuam em situações de desastres naturais.

2013 – ORIENTAÇÃO AMBIENTAL DE JOVENS NA CIDADE DE TUBARÃO – SC

Autor: Mirian Gorete Ribeiro

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

As questões que envolvem a preservação do meio ambiente dizem respeito à manutenção da vida e à sobrevivência de todos os seres do planeta e estão relacionadas com o desenvolvimento e formação de cidadãos éticos e comprometidos com os problemas ambientais. O diagnóstico das concepções, ideias e atitudes ambientais dos jovens de um determinado contexto podem servir como ferramenta para o planejamento de práticas de educação ambiental eficazes na formação de um sujeito ecológico. Esta investigação objetivou, portanto, identificar a orientação ambiental de jovens entre 10 e 19 anos de idade do município de Tubarão – SC. Para tal, responderam a um questionário 442 estudantes cursando do sétimo ano do ensino fundamental à terceira série do ensino médio, de escolas públicas e privadas. Utilizou-se como instrumento um questionário auto-aplicado, em situação coletiva, composto por 10 questões. Para análise dos dados, utilizou-se estatísticas descritiva e relacional, com o auxílio do Pacote Estatístico SPSS 17.0 e análise de conteúdo temático categorial, conforme proposto por Bardin (2009), com o auxílio do pacote estatístico Microsoft Excel. Os resultados indicaram uma orientação positiva dos jovens para com o meio ambiente em duas das dimensões atitudinais investigadas (afinidade e cognição). Dentre os problemas ambientais percebidos, os mais frequentemente citados relacionaram-se à poluição em geral e a problemas com o lixo. Da mesma forma, ações de cuidado com o lixo estiveram entre as mais praticadas. Com relação ao que aprenderam na escola sobre o meio ambiente, os elementos que mais apareceram foram os relacionados com a preocupação ambiental e o manejo com o lixo. Houve diferenças estatisticamente significativas com o componente afetivo da atitude (eco-afinidade) e as variáveis sexo e local de moradia. Também verificou-se associação significativa, entre o componente comportamental e a variável sexo. Discutiu-se que apesar dos resultados mostrarem uma posição positiva dos participantes em relação as dimensões de afinidade e cognição, os resultados obtidos com a percepção dos problemas ambientais locais e das estratégias comportamentais adotadas demonstram a ausência de uma demanda contextual nos indivíduos para que estes possam de fato se engajar em ações pró-ambientais efetivas no seu lugar de moradia. Conclui-se que os jovens pesquisados são potenciais defensores ambientais que, no entanto, demonstram conhecer apenas poucas estratégias para preservar o meio ambiente. Além disso, a ausência da percepção nos tubaronenses de outros problemas ambientais, para além do lixo, representa um desafio à educação ambiental no sentido de transformar a orientação ambiental dos jovens em ações efetivas e coerentes. Como indicadores do estudo para as ações em educação ambiental ressalta-se que os programas devem considerar as diferenças entre os sexos e o contexto de moradia, assim como, buscar formas criativas de se trabalhar interdisciplinarmente a questão ambiental, fazendo desta uma temática contínua no contexto escolar para que os problemas ambientais não caiam no esquecimento.

2013 – PERCEPÇÃO DA INTERAÇÃO CRIANÇA-NATUREZA POR CUIDADORES NO PARQUE MUNICIPAL DA LAGOA DO PERI, EM FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA

Autor: Patrícia Maria Schubert Peres

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Estudos vêm mostrando que o contato com a natureza, através de espaços como os parques urbanos, traz benefícios à saúde física e mental das crianças. A percepção dos cuidadores constitui um dos fatores que intervêm na relação da criança com os espaços abertos, pois estes podem percebê-los de forma positiva, como lugares que oferecem oportunidades de lazer, e/ou negativamente, como áreas que oferecem riscos à saúde física da criança. Com o objetivo de conhecer a percepção de cuidadores sobre a relação criança-natureza em um parque urbano, foram entrevistados pessoalmente 105 cuidadores no Parque Municipal da Lagoa do Peri (PMLP), em Florianópolis (Santa Catarina). Um roteiro com perguntas abertas e fechadas sobre 27 affordances foi elaborado com o objetivo de identificar: (1) as affordances percebidas como possíveis de serem acessadas no PMLP, (2) os lugares onde as affordances poderiam ser acessadas por crianças, (3) as affordances permitidas e não permitidas de serem acessadas no PMLP e (4) as razões para cuidadores não permitirem o acesso às affordances. O tratamento dos dados para as perguntas fechadas envolveu análise estatística descritiva com auxílio do programa Statistical Package for Social Science e, para as perguntas abertas, análise de conteúdo por critério léxico. Os resultados mostram que cuidadores tendem a perceber o Parque como um lugar que possui qualidades ambientais que favorecem uma diversidade de affordances às crianças. Os lugares evocados pelos cuidadores para as affordances percebidas envolveram recursos do Parque como árvore, areia, grama, toco, barranco, sombra e pedra, e subáreas como lagoa, orla, área da churrasqueira e corredores. Entre 20% e 40% dos cuidadores não permitiriam que crianças utilizassem as affordances olhar de cima, subir, pendurar-se, pular do alto, atirar pedras, mexer com animais e plantas. As razões apontadas por eles para justificar a restrição do acesso às affordances estão primeiramente relacionadas ao perigo que representam à saúde física da criança; segundo, à saúde física dos outros frequentadores do Parque; terceiro, à conservação da natureza, e; por último, à falta de habilidade da criança. Conclui-se que os cuidadores percebem o PMLP como um lugar que propicia diversas atividades às crianças e que eles são potenciais incentivadores da relação criança-natureza.

2011 – TENDÊNCIAS NAS DISSERTAÇÕES E TESES EM PSICOLOGIA AMBIENTAL NO BRASIL SOBRE A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO PESSOA-AMBIENTE

Autor: Jéferson Passig

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Este estudo visa contribuir com a discussão acerca da atual posição das pesquisas em Psicologia Ambiental, mais especificamente, com relação à demarcação das compreensões acadêmicas sobre a relação pessoa-ambiente. Para isso, delimitou-se como principal objetivo caracterizar os trabalhos produzidos nos programas de Pós-Graduação em Psicologia no Brasil entre os anos de 2001 e 2010. A pesquisa se caracteriza de caráter exploratório e descritivo. A investigação ocorreu em três etapas: 1ª levantamento de teses e dissertações que tenham como base a relação pessoa-ambiente em que, a partir dos resumos, fez-se uma análise taxonômica e um enquadramento estatístico; 2ª categorização dos trabalhos disponíveis na base de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações em quatro grupos temáticos conforme proposta de Stokols (1978); A 3ª etapa foi dividia em duas partes. Na primeira, o interesse é analisar as compreensões dadas à relação pessoa-ambiente pelos pesquisadores a partir da classificação proposta por Altman & Rogoff (2002); Já na segunda se faz uma síntese entre os trabalhos por grupo temático e as suas respectivas compreensões feitas a respeito da relação pessoa-ambiente. Nos resultados se obteve a localização de 42 pesquisas, das quais 14 focam nos temas relacionados a atitudes ambientais e avaliação da qualidade ambiental, seguido por 11 das pesquisas que focalizam na percepção ambiental e significado e sentido de lugar. Acompanhando uma tendência da Psicologia mundial, se constata que ¾ das pesquisas dão ênfase a uma compreensão epistemológica organísmica-transacional que busca compreender a relação pessoa-ambiente considerando seus elementos contextuais e temporais como intrínsecos a sua compreensão, em detrimento da visão predominante até então, que dava uma explicação causal aos fenômenos humano-ambientais. Propõe-se uma agenda de pesquisa para integrar as produções nacionais.

 

2010 – AMBIENTE FÍSICO E DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO: INVESTIGAÇÃO DO COMPORTAMENTO DA CRIANÇA NO ESPAÇO DE PARQUE DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL

Autora: Luana dos Santos Raymundo

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Objetivando identificar as características existentes nas configurações dos parques de instituições de educação infantil, relacionando os aspectos físicos observados com os padrões de atividades desenvolvidas pelos seus usuários, este estudo recorreu à aplicação da técnica do mapeamento comportamental (centrado no lugar e na pessoa). Através de mapas representa-se graficamente as localizações e comportamentos das crianças no espaço, relacionando espaço físico, delimitado e subdividido, e a atividade dos usuários, classificada em categorias. A pesquisa foi conduzida em 2 unidades educativas do município de Florianópolis/SC caracterizadas aqui como Contexto 1 e Contexto 2. Trata-se de uma pesquisa descritiva exploratória na qual os participantes, crianças entre 3 e 5 anos, foram observados no período de atividade livre nos espaços abertos das escolas. O planejamento da pesquisa envolveu, além da busca teórica, critérios éticos e metodológicos e buscou que os resultados oferecessem parâmetros para organizar e reorganizar o ambiente das escolas participantes na medida em que oferecem diretrizes para que estas aperfeiçoem o uso dos espaços abertos existentes. Os resultados obtidos com a técnica do mapeamento comportamental foram complementados com dados de entrevistas realizadas com os profissionais das escolas e discutidos com base nas características do desenvolvimento das crianças e do contexto pesquisado. A análise dos dados foi realizada por meio de tratamento estatístico com o teste do Qui-quadrado com comparações dos percentuais de ocupação e interação em cada setor do espaço de cada escola individualmente. Esta análise evidenciou a preferência, em ambos os contextos, de determinados setores dos parques (Equipamentos) por seus usuários. Setores constituídos por equipamentos de múltiplas funções (Bombeiros e Casa do Tarzan) possibilitaram, além das atividades motoras propostas pelos fabricantes, atividades associativas (Díades) e uma maior diversidade de brincadeiras (Faz-de-conta). As características físicas dos espaços (Dimensão, Vegetação, Desenho) deram previsibilidade para algumas atividades, como, por exemplo, a atividades de jogos com bola só observadas no Contexto 2. As meninas, em ambos os estudos, foram as responsáveis pela maior ocupação dos equipamentos de Balanços e Caixa de areia, enquanto os meninos utilizaram mais os equipamentos múltiplos e que oferecem maior mobilidade (Bombeiros, Casa do Tarzan e Campinho de futebol). Concluímos que para entendermos como o ser humano pode modificar o ambiente para que suas necessidades sejam atendidas é necessário que analisemos o ambiente afim de identificarmos indícios sobre a forma apropriada de utilizá-lo.

 

2010- CONTRIBUIÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO E PSICOSSOCIAL DA ESCOLA PARA O CUIDADO COM A EDIFICAÇÃO

Autora: Maíra Longhinotti Felippe

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Inserido no contexto da violência escolar, o vandalismo reúne um conjunto de atos de agressão contra o patrimônio construído que acarreta prejuízos de ordem financeira, sociocultural e educacional. Desse modo, este estudo objetivou identificar características físicas e psicossociais do ambiente da escola que se relacionam à prática do cuidado com a edificação. Adotou delineamento de métodos mistos, empregou estratégia de investigação qualitativa-quantitativa e assumiu perfil descritivo. A pesquisa ocorreu em uma escola da rede pública em Florianópolis, Santa Catarina, ao longo de duas etapas: (a) levantamento do estado de conservação e das características de projeto das instalações; (b) administração de questionário auto-aplicável em situação coletiva. Quinhentos e oito estudantes da sétima série do Ensino Fundamental à terceira série do Ensino Médio responderam ao questionário. O tratamento de dados envolveu análise estatística descritiva e relacional, com auxílio do programa Statistical Package for Social Sciences, e análise de conteúdo temático-categorial. Além de um conjunto de cognições positivamente valorizadas por estudantes acerca de espaços escolares, foram considerados atributos relacionados ao cuidado com a edificação: as condições espaciais para a vigilância; a possibilidade de construção de uma identidade de lugar; o tempo de contato com o mesmo ambiente; o estado de conservação das instalações; a definição de propriedade do espaço; os tipos de materiais de revestimentos; além de características associadas à pessoa e ao ambiente social, como sexo, motivação intrínseca e sentimentos de raiva ou insatisfação. Seus resultados confirmaram as hipóteses de que tanto o cuidado ambiental, como a experiência de apego ao lugar ocorrem em contextos de características específicas, e que o apego ao lugar é um preditor de cuidado com o ambiente.

 

2010 – FATORES INTERVENIENTES NO USO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS AO AR LIVRE POR CRIANÇAS DE 6 A 12 ANOS

Autora: Giordana Machado da Luz

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

O espaço público ao ar livre tem se mostrado importante para o desenvolvimento infantil por oportunizar habilidades físicas, cognitivas, sociais e psicológicas. Mudanças sociais, econômicas e espaciais, contudo, têm interferido no acesso e no comportamento de uso de tais espaços, podendo trazer prejuízos à saúde e ao desenvolvimento das crianças. Esta pesquisa teve como objetivo investigar as características sociofísicas dos espaços públicos ao ar livre que intervêm no comportamento de uso das crianças, e compreender de que forma tais características se relacionam. Para tanto, os dados foram coletados a partir de observações, através da técnica de mapeamento comportamental centrado-na-pessoa, e de entrevistas, com crianças de 6 a 12 anos e seus respectivos responsáveis. Foram analisados, ainda, os espaços públicos ao ar livre destinados à população estudada. Os resultados apontam que características físicas, como a diversidade e conservação dos equipamentos, influenciam no tipo de brincadeira e nível de interação entre as crianças. A presença de vegetação pode estimular também a atividade física, pois aparece como um atributo do espaço importante na opinião dos usuários, assim como a segurança do local e a relação com a vizinhança. O motivo frequentemente referido para o uso das praças é a oportunidade de brincadeira, e os equipamentos preferidos pelas crianças são os que propiciam maior mobilidade e diversidade de atividades. A possibilidade de socialização também é mencionada como importante para os usuários, sendo que os responsáveis pelas crianças percebem a praça como espaço de bem estar coletivo.

 

2008 – REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA ÁGUA E TECNOLOGIAS SOCIAIS

Autora: Gislei Mocelin Polli

Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Preocupações ambientais, entre eles problemas relacionados à água, estão cada vez mais presentes na sociedade. A constatação de que tais problemas se relacionam com a atuação humana vem ganhando destaque e, por isso mesmo, torna os problemas ambientais objeto de estudo da psicologia ambiental. Nesta pesquisa buscou-se conhecer os significados que a água assume para lideres locais em Santa Catarina. Este é um dos subprojetos do Programa Tecnologias Sociais para Gestão da Água (TSGA), patrocinado pela Petrobrás Ambiental, que busca aumentar a capacidade de gestão local através da implantação de tecnologias sociais com vistas ao uso sustentável da água. A base teórica utilizada foi a teoria das representações sociais, de modo que houve aplicação de instrumento de evocações livres, tendo como termos indutores água, água de qualidade, água poluída, preservação da água e uso e exploração da água. O questionário composto por questões de evocação livre foi respondido por 106 líderes locais que estão sendo capacitados pelo projeto TSGA para atuarem como monitores em suas regiões durante a realização das primeiras oficinas de capacitação. As respostas foram tratadas pelos programas Evocation e Similitude 2000, e analisadas a partir da teoria do núcleo central. Os resultados indicam que a água é compreendida como essencial à vida, ligada à saúde e necessita ser preservada, a atuação humana é destacada como responsável por seu cuidado ou destruição.

 

2005 – PERCEPÇÕES SÓCIO-AMBIENTAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: O Jardim de Lillith?

Autora: Yanina Micaela Sammarco

Orientador: Prof. Ph. D. Armando Borges

Co-Orientadora: Profa. Dra. Ariane Kuhnen

RESUMO

Este estudo teve como objetivo pesquisar, através das percepções dos atores, as questões socioambientais relacionadas às comunidades do entorno da Reserva Biológica da Serra Geral, fomentando os estudos sobre as relações Ser Humano na Natureza como ferramenta da Educação Ambiental e Planejamento Ambiental de Unidades de Conservação. Para tanto foi usada a abordagem multi-métodos com os atores (Moradores; Professores; Alunos; Entidades da Sociedade Civil; Funcionários da Reserva; Instituições Governamentais) envolvidos com a Reserva Biológica da Serra Geral/SEMA, baseando-se nos métodos qualitativos de obtenção de dados e análise dos dados através da interpretação do discurso. As percepções dos atores foram analisadas em 6 categorias de análise (Morada, Vizinhança, Jardim Aberto, Jardim Fechado, Cerca, Tempo e Vento…) consideradas parte de uma Paisagem Complexa. Obtivemos dessa forma, as percepções dos atores quanto suas relações com o ambiente local, suas opiniões sobre a Reserva e seus comportamentos como ser humano na natureza na relação contemporânea de moradores de entorno de uma Unidade de Conservação entre outras questões sócio-ambientais. Observamos que a partir do referencial teórico e das falas que a funcionalidade das UC’s está sendo questionada, desde os paradigmas científicos, os seus objetivos, suas utilidades, seus poderes e sua eficiência. Assim como tem sido questionadas a identidade humana e suas relações de vida a partir da história construída com suas “naturezas” interiores e exteriores. Vemos que a partir destas reflexões realizada neste estudo de caso existe a necessidade de transformar estes espaços em mais do que “ilhas de natureza intocada” transformá-las em Unidades Socioambientais na qual a herança natural e cultural dos seres vivos é preservada para a integridade do Planeta.